CNTV COMPLETA 27 ANOS

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No dia, 22 de novembro de 2019, a Confederação Nacional dos Vigilantes, a CNTV, completou 27 anos de vida, sempre lutando pela categoria. A CNTV nasceu em um contexto em que os vigilantes, ou profissionais de segurança privada, demonstravam seu inconformismo com a ditadura militar, que proibia a existência de sindicatos.
No campo profissional, o incômodo era com a orientação de defender somente bens materiais (dinheiro nos bancos, por exemplo) e deixar em segundo plano a vida das pessoas (seguindo o exemplo dos bancos, a vida de funcionários e clientes).
No ambiente só possível da democracia, avançamos nos dois quesitos: organizamos nossos sindicatos e fizemos inserir nas normas a “defesa da vida” como uma das nossas principais tarefas. Mas continuam a nos perguntar: como organizar e juntar uma categoria tão espalhada, tão diversa, tão complexa? Diante deste perfil, como organizar sindicatos fortes, fazer greves fortes e obter conquistas bem significativas? Está na nossa conta a jornada 12×36, o EPI colete balístico, reconhecimento do risco profissional e 30% de remuneração, Dia Nacional do Vigilante, Plano de Saúde, Alimentação, defesa da aposentadoria especial, entre tantas outras.
Nossa história conta que as primeiras associações profissionais (RJ e DF) não passam de 40 anos. Que o primeiro sindicato (Distrito Federal) oficialmente reconhecido completou agora 34 anos e que a Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes (CNTV), que cuidou de juntar Sindicatos e federações para apoiar as lutas locais e unir todo mundo para fazer as lutas nacionais chega aos 27 anos.
Já ultrapassamos as bodas de prata. Não há dúvida de que cada Sindicato cumpriu e cumpre papéis fundamentais na organização e lutas da categoria em suas bases, assim como não há como questionar o papel que a CNTV vem exercendo em todas as conquistas da categoria.
Queiram ou não uns poucos, a história da CNTV é marcada por seu protagonismo real e objetivo, sempre buscando o equilíbrio entre os interesses corporativos da categoria e os interesses da sociedade. Assim como na nossa vida, a mudança de fases reflete-se também nas organizações.
Alguns dos seus integrantes tomam rumos diversos daqueles originais, se perderam por dinheiro e disputa de poder. Entretanto, para aqueles sempre mais lúcidos na sua ideologia, no seu compromisso de classe, no seu compromisso com a classe, o momento é de mais firmeza nos objetivos e perspectivas.
O momento é de reafirmar que patrão é patrão, trabalhador é trabalhador. Que a efetiva libertação do trabalhador só se constrói quando ele avança no controle da sua vida e do seu destino. Quando reafirmamos com clareza os nossos compromissos com a democracia, com a liberdade, com a dignidade e o direito dos humanos, com a paz, com a vida e com a felicidade de todos.
A reafirmação destes princípios nos orienta, neste quadro histórico no combate às “deformas trabalhista e previdenciária” que, além de retirar direitos e conquistas, agridem a dignidade do trabalhador e o leva de volta às bases filosóficas que sustentavam a escravidão (o tratamento à grávida ou ao tempo necessário para o trabalhador fazer uma refeição, por exemplo).
Também nos orienta no debate do chamado estatuto da segurança privada, na luta em defesa da nossa aposentadoria especial, a manutenção do nosso adicional de risco de vida de 30%. Não é papel de trabalhador defender restrição ao direito constitucional de greve, a limitação dos instrumentos de segurança nos bancos, a reserva de mercado para algumas estrangeiras ou até mesmo se associar nas políticas de restrição às pessoas com necessidades especiais.
Aliar-se a essas políticas é trair a classe trabalhadora e os vigilantes brasileiros. Os 27 anos nos leva para além da adolescência, sem dúvida, por uma questão cronológica, mas não nos torna velhacos na política e no sindicalismo. Não nos levam ao dilema do “ser ou não ser”.
Ao contrário, estamos mais renovados, mais rebeldes, mais vivos, mais indignados, mais inconformados, até porque mesmo diante de todos os passos dados em frente, os nossos algozes tentam nos puxar de volta para a escravidão, à morte.
Responder como organizar e juntar a categoria para a luta e para as vitórias talvez ainda não seja possível, mas de que lado estamos, isso sim, sabemos muito bem:
SOMOS CLASSE TRABALHADORA, SOMOS VIGILANTES. NÃO NOS CONFUNDIMOS COM PATRÕES!
José Boaventura é presidente da CNTV e do Sindicato dos Vigilantes da Bahia